Tradições natalícias: O «frango bicha» à moda de Freamunde... "Mundus Perigosus" (Foda-se! até já sei falar Latim!)

A maioria da catraiada que lê este singelo blog, ao ler o título, já deve estar a pensar que se trata de uma lambarice, de uma grande especialidade.
Pois eu não digo que o não seja, mas depois do que vi, chamo-lhe «coisa nojenta».

A maior parte das regiões têm a sua própria modinha, isto é, uns comem o bacalhau, outros comem peru, e tal e tal. Aqui na zona de Lousada (mais para os lados de Freamunde), come-se o «Capão».

Alguns já perguntam: Mas o que é que é um capão?

Pois, passo a explicar:

Tão a ver um galo? Todo masculino e tal, a cantarolar e a saltar à cueca às galinhas, né? Pois o capão, é... digamos... mmmm... bom... é um galo só que sem a parte da masculinidade... ou melhor, sem as «jóias de família» ... pronto! Sem tomates!

Qu’é que acontece!? O frango (ou galo), depois de se sujeitar a uma operação de castração, fica... digamos, que com jeitos apaneleirados, de modo que, a partir desse momento fica a modos que “envergonhado” deixando de saltar à cueca e de cantar. Pois é triste ser capão. Mas antes ele que eu!

O raio da operação de castração é essencial! Porquê? Ora passo a explicar:

A operação de remoção dos tomates do galináceo é delicada. Segundo a Ti Jervásia Eustáquia (nome fictício de uma senhora que cria galos larilas à mais de 50 anos): «As vezes, os capões morrem com o susto (PUDERA, caralho! Ficar sem tomates a sangue frio!), não aguentam com a operação.».

Realmente, imagine-se um bicho de olhos esbugalhados, claramente fodido por estar a ficar sem tomates. É, claramente um ambiente de terror. Pelo menos pelo franganito.

Mas esta porra tem história!

A historieta remonta ao tempo dos romanos:
Havia um certo indivíduo, um tal de cônsul Caio Cânio (o Sócras lá do sítio), que, não conseguindo dormir por causa da merda de cantorias dos galináceos, fez aprovar uma lei que proibia a criação dos bichos. Ora, o pessoal queria comer frango, pensou numa maneira de contornar a lei, e eis que um qualquer palerma teve a ideia: «Pá! Vamos tirar os tomates ao frango para ver o que é que acontece?!», ao que o colega (que devia ser da Liga de Protecção dos Animais) disse: «É pá, mas isso é fazer sofrer o animal, caralho!» .

Tenho de admitir que o gajo tinha razão, visto que o franganito, depois de ser capado, começou a sofrer de um certo complexo de inferioridade, e quiçá, de uma certa vergonha por lhe ter sido retirada a virilidade. Tadito!
Aliás, depois do processo, o frango deixa de saltar à cueca nas frangas da capoeira, deixa de cantar e de fazer a barba (hehehe). Anda ali de um lado para o outro, mãos no bolso, todo fodido, envergonhadito, cabisbaixo!

Pois, mas a data de horrores passada pelo frango não acaba aqui!

Depois do processo de castração, o bicho começa a crescer desalmadamente e quando está no “Ponto de tacho”, pega-se no bicho (ainda vivo), e serve-se-lhe um cálice de vinho do Porto.
Nisto, o bicho cai para o lado, sofrendo de uma piela crónica (ou fica embriagado).
Espeta-se-lhe a naifa à goela e, depois de mor... bom... depois das cacarejadas finais, e tal e tal, vai ao forno para tostar.
Prepara-se um recheio e enfia-se no... no... no CU do bicho!

Poderão vocês imaginar que se o frango sabia que lhe iam, depois de morto, enfiar um misto de carnes (literalmente) pelo cu acima, não sei não... antes de ser capado e de ser embriagado, pegava nas malinhas e mudava de poleiro.

Pois, depois de toda esta aula de culinária, muitos perguntar-se-ão: Mas para que é que se castra a merda do frango?

Passo a explicar:
Os galos cantam, têm a carne dura e vermelha, carto? Certo! Depois de capar o frango, a carne fica tenra e branca.

Horrorizados? Eu também!
E tem um galo de passar por isto, para ficar com a carne mais tenra... Foda-se, comam galinha!


RAISPARTA!

Poeta Acácio (Poeta do Desassossego Desassossegado)

TENHO DITO