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terça-feira, agosto 12, 2008

Arraiais, palermices e outras coisas mais... as festas das terriolas dum ponto de vista palerma

Ora bem, meus caros petizes da vida airada, cá estou eu, pra vos trazer mais umas palermices. Bem sei que mereço umas boas bordoadas no lombo por nem sequer ter dito que ia tirar umas férias, mas sabem como é, um gajo é afectado pelo síndrome de férias e esquece-se de tudo. Aliás, o Verão estou em crer que, para além de trazer gajas boas em trajes menores, traz também uma certa quantidade de coisas estúpidas que fazem com que a nossa cabeça começe a entrar em parafuso.
Pois bem, já vos falei na última posta que aqui botei, que a praia é, sem dúvida nenhuma, um local de pouco descanço e carregado de palermice. Porém, o Verão não é só praia, e há que alargar os horizontes e botar os pés ao caminho, em busca da palermice aguda.
E é disso que andei à procura.

Botados os pés à estrada, eu e o meu fiel chibo de serviço lá fomos em busca da sagrada estupidez aguda, por terras de El Rei D. Coiso, enfrentando cães de loiça raivosos e bifas histéricas.
Às tantas diz-me o Chibo:

«Ó Acácio... eu sei que tu gostas de andar e o caralho, de alargar horizontes, e tal... Mas não seria melhor dirigirmo-nos à terriola? É que as festas em Honra de S. Não-Sei-Das-Quantas tão quase, quase a chegar e eu ouvi dizer que ia lá a Quim "Berreiros"! Ah... e também já tou com fome!»

Ora, eu já tava com uma certa fome e a modos que achei boa ideia seguir o conselho do nosso chibo e dirigir-me a casa, não pensando sequer que a festarola lá da terrinha pudesse dar uma boa posta pró estaminé. Porém, dias depois, já na festa lembrei-me que, se andasse atento, palermice aguda e gente a louvar a Santa Ignorância não haveriam de faltar!
Desde já vos digo que, uma festarola destas é, sem dúvida nenhuma, uma passerelle de coisas levadas da breca e tem sempre as suas características.

Ora vejamos:
1.º As festas são sempre feitas à nôte e, dada esta piquena característica eis o que um estúpido se lembrou de lhes chamar: «Noitadas». A esse indivíduo desejo apenas que lhe nasça um pinheiro atravessado... vá lá... na zona posterior, um pouco mais abaixo da extremidade da espinha dorçal... Pronto... nu cu!
Por serem de nôte, a malta põe uns arquinhos, com umas luzinhas e tal e tal, que servem pra embelezar a rua e que, para além de iluminarem a rua, servem também pra iluminar as gajas que por lá passam! Uma maravilha dos tempos modernos!

2.º
Festa que é festa não tem só um Sumol e quatro copos! Nada disso! Tem barraquinhas de comes e bebes, barraquinhas de farturas, barraquinhas dos chineses, barraquinhas de indianos, barraquinhas de africanos (com africanas a fazer tranças a velocidades puta-que-pariu km/h) e, como não haveria de deixar de ser, barraquinhas com os famosissímos índios das flautas-de-pan! Minha Santa Jervásia, livrai-nos deste tormento!

3.º
O curioso destas festas é a maneira como o recinto tá vedado e devidamente guardado... Dois bófias de barriga com armas pré-históricas e com cacetetes novinhos em folha, acompanhados de uma grade que facilmente se pode ultrapassar. Ah!... e que chegada a meia noite vão fazer oh-oh!
Curiosamente, levam cerca de 250 € por um serviço... como direi... de trampa! A não ser que passar multas também esteja incluído no preço!

4.º
Estas festas têm, obrigatóriamente, de ter... (um momentinho de suspense fica sempre muito chique)... carrinhos de choque! Que raio de festa não tem o seu espaço com os carrinhos de choque, hem? Nenhuma! É impensável sequer não ter carrinhos de choque! Digamos que é o mini-mini-parque-de-diversões da terriola onde se juntam os petizes todos, e a malta que normalmente já tá com um copo a mais!

5.º
O conjunto (ou banda pra ser mais chique) lá da terra e um ou outro cantor mais ou menos famoso! Isto, meus caros, são duas coisas que não podem faltar. Se faltarem, nem os carrinhos de choque se safam!
Os conjuntos normalmente têm daqueles nomes dos quais ninguém se lembraria, nem mesmo se estivesse com uma bobedeira em fase terminal! Eis a que me apareceu na terriola: «Conjunto Típico "Rosas Negras"», que integrava uma música acerca de casas de massagens. No caso dos cantores mais ou menos conhecidos, apareceu cá na terrinha a pouco (ou mesmo nada) famosa Tatiana (aquela do Big Brother)... diz que lhe deu pra cantar... a mim parece-me que lhe deu pra desafinar e berrar ao mesmo tempo.

6.º
Fogo de artifício (ou fogo preso), a única coisa que não tem muita palermice!

7.º
A vaca-de-fogo! Ora aqui está uma coisa que alguns catraios não conhecem. Pois eu passo a explicar:
Um gajo mete-se por baixo de uma estrutura em forma de vaca, sarapintada com manchas brancas em fundo preto (ah... note-se que a essa mesma estrutura vão presas bombas daquelas dos fogos de artifício e bombinhas de carnaval). Depois acende-se o rastilho, pica-se o indivíduo, o gajo começa a correr desalmadamente (com aquilo às costas) enquanto aquela porra toda vai a estourar pelo caminho. Esstúpido? O tipo que se mete a andar com aquilo!

A famosa vaca de fogo!
E os nada famosos palermas que se metem por baixo!

8.º O molho (ou mel). Outra coisa que alguns nã conhecem:
A malta que anda na festa prepara-se em casa (pega em sacas de plástico), enche as ditas sacas com água, dá-lhes um nó e chegada a altura (normalmente depois da vaca dar o último estouro) começam a atirá-las uns aos outros. Palerma? Sim... todo o esquema!

9.º Bobedeiras e porrada. Festa que é festa tem a sua dose de pancadaria ao ar livre! Sempre acompanhada de uma bobedeira nos cornos! O curioso da porrada é que a malta malha à séria. É cada bordoada! Um espectáculo lindo de se ver... e estúpido também!

Portanto meus caros, se querem rir-se e, quiçá, divertir-se um bocadinho, vão até à terriola mais próxima de vocemecês. Vão ver que não há nada mais espectacular.

Poeta Acácio (Poeta do Desassossego Desassossegado)

TENHO DITO

12 comentários:

Vitória disse...

Querido poeta, relembrei tempos da minha infãncia..;)

Em que ia a essas festas e adorava, não mencionaste as barracas de tiro (nem sei se ainda há) que eu passava horas nelas para ganhar uma laranjada..;P

Beijoooo

Moon_T disse...

por acaso nao tenho grandes memorias dessas festas da terrinha visto que a perdia (a memoria) a meio da noite devido ao baixo custa (Amen) das "mines". tenho no entanto a vaga lembrança de um bebedolas qlqr solitario a dançar com uma vassoura a tentar impingi-la ao gajo barrigudo q dançava com a quarentona nada mal conservada de bruto salto alto e cu arrebitado.

na altura que ia a essas festarolas o fogo preso era outro... vinha acompanhado de sopa... mas enfim sao outras "estorias".

essa da vaca meu caro amigo, para alem de me ser completamente desconhecida, é de facto, das coisas mais imbecis que ja ouvi no que concerne a essas festarolas, ainda mais estupido que isso dos sacos e nao sei o que mais.

eu era mais minis e pregos ou brocas (lol) e topar a franciu que tava na barraca das rifas.
enfim... mudam-se os tempos mudam-se as vontades

ah e claro, o fim da noite seria a bezerrar com mais uns quantos rejeitados no cemiterio da terrinha.

agora que penso nisso... fodasse tou mesmo a ficar velho :(



obrigado

TENS DITO

Anónimo disse...

Epá fizeste-me lembrar as festanças da aldeia dos meus avós!
Aquilo é só música pimba, cheiro a farturas, poeira até dizer chega e bebedeiras. Muitas bebedeiras! E grandes sessões de pancadaria! Ui nem imaginas... Até a mim me dói!
Cum caneco! Esqueceste-te de um pormenor, digamos, estúpido como tu lhes chamas: a malta que compra um fatito só para vestir nesse dia. E é com cada modelito... Nem te conto!

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

vita:
acredita que ainda existem, só que agora em vez de darem laranjada dão bonecos... é o progresso! hehehehehehehe

Beijos poéticos

TENHO DITO

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

moon_t:
acredita que o desporto de ver quem se aguenta nas canetas depois de embarcar umas 50 mines, também é praticado por estas bandas... mas curiosamente cai "molho" (entenda-se porrada) mesmo antes da meia-noite! hehehehehehehehe

Ah... e a das vacas de fogo... tens toda a razão... eu só não percebo é como é que ainda há estúpidos que se põe debaixo dela! hehehehe

Um abraço

TENHO DITO

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

ap:
curiosamente, essa do modelito é totalmente verdade... é com cada palerma vestido com fatiotas daquelas que não lembram a ninguém... e o pior de tudo é que vão sempre buscar ao armário ou ao pronto-a-vestir lá da terrinha a coisa mais azeiteira que lá haja.... enfim, um auutêntico espectáculo de variedades.... hehehehehehehehe

Um abraço

TENHO DITO

Jiminy_Cricket disse...

Oi Poeta,

Acho que toda a gente já passou por uma festarola dessas. Eu pelo menos fui a algumas, quando era bem miuda e ficava pela barraquita do comes e bebes, nem via o resto da festa ;)

Mas adorei a posta de hoje, quem lê tem a nitida sensação de lá ter estado também ;)

beijos

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

jiminy_cricket:
a isto eu chamo de interactividade com a audiência... uma das maravilhas da tecnologia disponibilizadas pelo poeta... hehehehehehehe

Beijos poéticos

TENHO DITO

Moyle disse...

essa é a festa da minha aldeia, da aldeia oa lado, da outra a seguir e da outra e da outra e ainda da outra e mais daquela e daqueloutra... são todas em homenagem à Sta Ignorância, mas no fim de contas só apetece invocar a Sta Paciência.

o bar da quermesse sim, isso é de nível. virar vidro de pança a segurar o balcão. quanto a isso... concordo:)

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

moyle:
meu caro, nem mais... estas festas são uma verdadeira homenagem à Santa Ignorância... enfim!
Quanto a empinar o copinho na barraquinha das bebidas... ó meu caro... é sempre a embarcar! hehehehehehehehehehe

Um abraço meu caro

TENHO DITO

Luxúria x Tentação disse...

Sente-nos...

Beijos nossos!


Luxúria

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

i feel you queridíssimas meninas... i feel you! :)

Beijos poéticos

TENHO DITO